BITCOIN: Um Estudo sobre a importância das transações Ponto a Ponto
1.Introdução 


            O dinheiro já não é mais o mesmo, com tantas evoluções a internet está mudando o mundo, não apenas no aspecto comunicativo mais também está criando um verdadeiro sistema econômico, por isso, as moedas virtuais foram criadas e se destacaram no novo modelo de economia globalizada.

As criptomoedas vêm ganhando cada vez mais popularidade e seus valores estão constantemente em ascensão.O mercado virtual vem apresentando uma grande variedade de moedas com diferentes cotações. Cada moeda ou "coin" possuem distintas maneiras de investimentos e muitas são promessas de sucesso.

Com o crescimento do fluxo informacional, chegamos hoje a uma geração que é impulsionada pela tecnologia de transações por encadeamento em blocos (blockchain), que utiliza rede ponto a ponto para movimentações financeiras, sem intermédio de um servidor central, transformando o conceito de credibilidade e segurança para descentralizado, com mais transparência e confiabilidade reduzindo os custos das transações financeiras.

A moeda digital mais conhecida hoje é a Bitcoin, é uma moeda criptográfica (não há moeda física) e se utiliza do conceito de rede ponto a ponto, onde a confiança é estabelecida por meio da colaboração de seus usuários em vez de intermediários bancários e governamentais como centralizadores, por ser totalmente descentralizado e inovador no conceito de tramitação, não possui, ainda, uma legislação para proteger seus usuários.

Os Bitcoins são criados (gerados) através da mineração, que é o processo de usar a capacidade de processamento das máquinas dos mineradores para processar transações, garantir a segurança da rede e manter todos participantes do sistema sincronizados. O Hardware dos mineradores pode ser considerado como o datacenter do Bitcoin, exceto que foi projetado para ser totalmente descentralizado possuindo mineradores em qualquer lugar do mundo, pois não possui fronteiras, mas nenhum tendo controle sobre a rede.

Para a maioria dos usuários, Bitcoin não é nada mais do que um programa aplicativo ou computador móvel que utiliza uma carteira eletrônica protegida por uma chave privada (código hash) pessoal e permite que o usuário faça suas transações financeiras (BITCOIN.ORG, 2017).

Esse estudo abordará o bitcoin como principal criptomoeda atualmente, a importância e como funciona o blockchain, analisará a importância das transações em uma rede ponto a ponto aplicada as criptomoedas, ajudando a compreender a como uma moeda descentralizada garante sua integridade por meio eletrônico.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Criptomoedas

Moedas virtuais são uma nova ferramenta monetária da web utilizada para todos os tipos de transações de valores, essas moedas possuem seus sistemas complexos de funcionamento assim como o dinheiro real oficial de cada país (HASHOCEAN, 2016). As Criptomoedas usam um controle descentralizado, que está relacionado ao uso do blockchain (Banco de transações do Bitcoin) no papel de livro de registros. Uma criptomoeda descentralizada é produzida por todo o sistema de criptomoedas, coletivamente, à uma razão definida quando o sistema é criado e disponível publicamente. Em sistemas bancários ou econômicos centralizados, conselhos administrativos ou governos controlam o suprimento de moeda através da impressão de moeda fiduciária, no caso das criptomoeda, os   recursos técnicos são baseados e criados pelo grupo (ou indivíduo) conhecido como Satoshi Nakamoto. A segurança, integridade e balanço dos registros de um sistema das criptomoedas são mantidos por uma comunidade de mineradores. A segurança dos registros de uma criptomoeda baseia-se na suposição de que a maioria dos mineradores estão mantendo o arquivo de modo honesto, tendo um incentivo financeiro para isso. A maior parte das criptomoedas são planejadas para diminuir a produção de novas moedas, definindo assim um número máximo de moedas que entrarão em circulação.  As criptomoedas são menos suscetíveis à apreensão devido a ações judiciais pois são todas pseudoanônimas. A primeira criptomoeda descentralizada, o bitcoin, foi criado em 2009 por Satoshi Nakamoto. Foi usada a SHA-256, uma função hash criptográfica, como esquema de prova de trabalho.  Desde então várias moedas foram criadas, entretanto poucas obtiveram sucesso, devido à falta de inovação técnica que as mesmas trouxeram. A partir de 2014, uma 2º geração de criptomoedas surgiu, como Monero, Ethereum e Nxt. Essas criptomoedas possuem funcionalidades avançadas como endereços escondidos e contratos inteligentes. A legalidade das criptomoedas variam substancialmente de um país para outro e ainda é indefinida ou está mudando em muitos outros. Enquanto alguns países autorizaram explicitamente o seu uso e troca, outros restringiram ou até baniram. De maneira semelhante, várias agências governamentais, departamentos e cortes classificaram bitcoins de maneiras diferentes.   2.2 Bitcoin Bitcoin tem várias abreviaturas e conceitos, mas basicamente é:

Bitcoin (símbolo monetário: ฿; abreviatura BTC, XBT ou BTU) é uma moeda criptografada (criptomoeda) e está limitada em 21 milhões de unidades, estima-se que os mineradores colherão o último “satoshi”, ou 0,00000001 de bitcoin, no ano de 2140. É baseada em protocolo de código aberto que é independente de qualquer autoridade central. Um bitcoin pode ser transferido por um computador ou smartphone sem uma instituição financeira como intermediária. O conceito foi introduzido em 2008 em um White Paper publicado por um grupo com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto que o chamou de sistema eletrônico de pagamento peer-to-peer (NAKAMOTO, 2008).

De acordo com Ulrich 2014, Bitcoin é um software de código-fonte aberto, sustentado por uma rede de computadores distribuída (peer-to-peer) em que cada nó é simultaneamente cliente e servidor. Não há um servidor central nem qualquer entidade no controle da rede. O protocolo do Bitcoin é baseado em criptografia avançada, define as regras de funcionamento do sistema, às quais todos os nós da rede se comunicam, assegurando um consenso generalizado acerca da veracidade das transações realizadas e evitando qualquer violação de protocolo.

2.3 Blockchain

              De acordo com Antonopoulos 2015, o blockchain é um conjunto de blocos validados, cada um ligado ao seu predecessor até chegar ao bloco gênesis. Ele é compartilhado entre todos os usuários do Bitcoin e é usado para verificar a permanência de transações para impedir gastos duplicados, com total transparência e descentralização, tornando desnecessário confiar em uma terceira pessoa para que os dados contábeis sejam registrados corretamente e não ocorram fraudes, pois cada bloco valida o realizado no anterior.

Fonte: Blog MJV

                   Cada usuário independente é denominado de “minerador” e ele tem a função de validar e registrar as transações. Esse processo chama-se “mineração”. Como recompensa por essa validação e registro, o minerador pode criar novas unidades de bitcoins no bloco registrado e as transações são transmitidas para a rede, cada bloco possui referência ao bloco imediatamente anterior que é o registro da Prova de Trabalho (Proof-Of-Work) que permite a aceitação e validação do bloco por todos os participantes da rede.

O Blockchain não depende da confiança entre os vários usuários, qualquer usuário pode controlar e monitorar um nó do sistema. Ele é executado e mantido coletivamente pelos diversos nós da rede peer-to-peer (ponto a ponto) para registrar as transações. Utiliza-se a criptografia de código aberto para garantir funções básicas de segurança, evitando falsificações e adulterações do banco de dados. O Blockchain é um livro contábil aberto que realiza anotações e guarda o histórico das transações realizadas sem a necessidade de uma autoridade controladora. As transações são registradas de forma irreversível, quanto mais antigo o bloco, mais impraticável a reversão das operações. As possibilidades de fraudes se reduzem drasticamente à medida que o tempo passa, as possibilidades de adulterações e falhas tornam-se praticamente nulas.

O sistema blockchain apresenta diversas vantagens para seu uso:

  • Registro em ordem cronológica de todas as transações ocorridas na rede;
  • Manutenção e atualização são realizadas de forma voluntária e descentralizada;
  • Programa de recompensa (registro de novos valores) aos usuários que se dedicam à tarefa de mineração;
  • Maior independência, segurança e agilidade nas operações e transmissão das informações, já que não há necessidade da existência de um “terceiro de confiança”;
  • Redução dos custos de transação no setor financeiro;
  • Sistema de pagamento otimizado, com tempo de liquidação acelerado;
  • Maior transparência nos serviços;
  • Compilação e validação das informações pelos próprios participantes, os mineradores;
  • Sistema público, exclusivo, replicado e compartilhado pelos usuários.

2.4 Criptografia

A criptografia é o ramo da matemática que nos deixa criar provas matemáticas que fornecem um alto nível de segurança. Já sendo utilizada em comércio online e bancos. No caso de Bitcoin, a criptografia é utilizada para fazer com que seja quase impossível, nos dias de hoje, o gasto de fundos da carteira de outro usuário ou corromper o blockchain. Também pode ser utilizada para encriptar uma carteira, de modo que não pode ser utilizada sem uma senha privada.

2.5 Arquitetura da Transação Operacional

2.5.1 Transações

Uma moeda eletrônica é definida como uma cadeia de assinaturas digitais. Cada proprietário transfere a moeda para o próximo assinando digitalmente um hash da transação anterior e a chave pública do próximo proprietário e adicionando estas ao final do blockchain.

Fonte: White Paper Satoshi Nakamoto, 2008.

A transação mais antiga é aquela que conta, não importa as tentativas posteriores de gastar duas vezes. A única maneira de confirmar a ausência de uma transação é estar ciente de todas as transações, as transações devem ser publicamente anunciadas, é necessário que os participantes das transações concordem com um único histórico da ordem em que foram recebidos. O beneficiário precisa de prova de que, no momento de cada transação, a maioria dos nós concordou que foi a primeira recebida. (NAKAMOTO, 2008).

Portanto, a cadeia de blocos se torna uma verificadora de todas as transações sendo que o bloco é transmitido para todos os nós, sendo quase impossível o gasto duplo.

2.5.2 Prova de Trabalho (Proof-of-Work)

O bitcoin usa a proof-of-work Hashcash (um algoritmo de prova de trabalho) para geração de blocos. Para que o bloco seja aceito pelos participantes da rede, os mineradores devem completar uma prova de trabalho que cobre todos os dados no bloco. A dificuldade deste trabalho é ajustada de modo a limitar a taxa em que novos blocos podem ser gerados pela rede para um a cada 10 minutos.

Cada bloco contém o hash do bloco anterior, então cada bloco possui uma cadeia de blocos que, em conjunto, contêm uma grande quantidade de trabalho. Alterar um bloco (só pode ser feito fazendo um novo bloco contendo o mesmo antecessor) exige regenerar todos os sucessores e refazer o trabalho que eles contêm. Isso protege a cadeia de bloqueios contra adulteração. O esquema de prova de trabalho mais utilizado é baseado no SHA-256 e foi introduzido como parte do Bitcoin. (NAKAMOTO, 2008).

2.5.3 Rede

As etapas para executar a rede são as seguintes:

  1. Novas transações são transmitidas para todos os nós;
  2. Cada nó recebe novas transações para o bloco;
  3. Cada nó trabalha para encontrar uma prova de trabalho para o seu bloco;
  4. Quando um nó encontra uma prova de trabalho, ele transmite o bloco para todos os nós;
  5. Os nós aceitam o bloco somente se todas as transações forem válidas e ainda não gastas;
  6. Os nós expressam sua aceitação do bloco, trabalhando na criação do próximo bloco na cadeia, usando o hash do bloco aceito como o hash anterior.

Os nós sempre consideram a cadeia mais longa como a correta e continuaram trabalhando para estendê-la. Se dois nós transmitem versões diferentes do próximo bloco simultaneamente, alguns nós podem receber um ou outro primeiro. Nesse caso, eles trabalham no primeiro que receberam.

Novas transações não necessitam de alcançar todos os nós. Enquanto eles chegarem a muitos nós, eles entrarão em um bloco antes. As transmissões de blocos também são tolerantes às mensagens descartadas. Se um nó não receber um bloco, ele o solicitará quando ele receber o próximo bloco e perceber que ele perdeu um (NAKAMOTO, 2008).

2.5.5 Árvores de Merkle

Árvores de Merkle são estruturas de dados utilizadas para criar um resumo de dados com integridade criptograficamente verificável de forma eficiente quando em poder da raiz de Merkle - que vai no cabeçalho de cada bloco - e de um caminho de Merkle.

Para formar a raiz desta árvore binária com as transações, cada transação tem o seu id (o hash da transação) concatenado ao id da transação vizinha na árvore é submetida a uma dupla rodada da função hash SHA-256 sucessivamente até chegar à raiz. As transações não são armazenadas na árvore merkle; em vez disso, seus dados são hash e o hash resultante é armazenado em cada nó de folha como HA, HB, HC e HD:  

H ~ A ~ = SHA256 (SHA256 (Transação A))

Pares consecutivos de nós de folha são então resumidos em um nó pai, por concatenação dos dois hashes e hashing-los juntos. Por exemplo, para construir o nó pai HAB, os dois hashes de 32 bytes das crianças são concatenados para criar uma seqüência de 64 bytes. Essa seqüência de caracteres é, em seguida, double-hashed para produzir hash do nó pai:

H ~ AB ~ = SHA256 (SHA256 (H ~ A ~ + H ~ B ~))

O processo continua até que haja apenas um nó na parte superior, o nó conhecido como a raiz Merkle. Esse hash de 32 bytes é armazenado no cabeçalho do bloco e resume todos os dados em todas as quatro transações.

Fonte: Árvore de Markle (ANTONOPOULOS, 2015).

Como a árvore merkle é uma árvore binária, ela precisa de um número par de nós de folha. Se houver um número ímpar de transações para resumir, o hash da última transação será duplicado para criar um número par de nós de folha, também conhecido como árvore balanceada.

Fonte: Repetição última transação (ANTONOPOULOS, 2015).

No Bitcoin, estas árvores são muito maiores e proporcionais ao número de transações de cada bloco e em cenários desta magnitude que esta estrutura se torna uma solução para comprovação eficiente da existência e integridade de uma transação num dado bloco. Cada hash deste tem o tamanho de 32 bytes e a complexidade de busca na árvore de Merkle cresce (log2(N)) com N sendo o número de transações.

Se preciso comprovar que a transação M está incluída no bloco, será necessário apenas 4 hashes de 32 bytes num total de 128 bytes, para formar o caminho de Merkle. O caminho de Merkle junto com a raiz da árvore é tudo que se precisa para comprovar que um bloco inclui a transação M:

Fonte: Comprovação da inclusão da transação M em um bloco (ANTONOPOULOS, 2015).

A eficiência da árvore de Merkle para este objetivo vai se tornando mais óbvia de acordo com que se aumenta o número de transações e se compara com o número de bytes necessários para comprovar a existência de uma transação em números maiores:

Fonte: Eficiência da árvore de Merkle (ANTONOPOULOS, 2015).

Com poucas transações não parece fazer muito sentido o uso da árvore de Merkle, mas logo que o número de transações aumenta, pode ser observado claramente a otimização que esta estrutura traz ao sistema do Bitcoin (ANTONOPOULOS, 2015).

No entanto são criados os hashs de todas transações, onde é feito a paridade dos hashs e a raiz de merkle é um resumo de todos os hashs que foram gerados no bloco.

2.5.6 Carteira

De acordo com Antonopoulos (2015) a carteira é um software que contém todos seus endereços bitcoins e suas chaves secretas e é usada para enviar, receber e armazenar seus bitcoins. Ela contém a sua chave privada que permite que você gaste os bitcoins alocados a ela. Cada carteira Bitcoin pode mostrar ao usuário o balanço de todos os bitcoins que controla e deixa que você envie uma quantia específica a outra pessoa, como uma carteira real.

2.5.7 Chaves Privadas e Publicas

Uma carteira de bitcoin possui pares de chaves, cada uma é composta de uma chave privada e uma chave pública. A chave privada (k) é um número geralmente escolhido randomicamente. A partir da chave privada, é usado a multiplicação de curva elíptica, uma função criptográfica unidirecional, para gerar uma chave pública (K). A partir da chave pública, é usado uma função de hash criptográfica unidirecional para gerar um endereço de bitcoin(A).

Chaves Privada e Pública e endereço do bitcoin (ANTONOPOULOS, 2015).

A Chave privada pode ser qualquer número entre 1 e n -1, onde n é uma constante (n=1,158 * 10^77, ligeiramente menor que 2^256) definida como a ordem da curva elíptica usada em bitcoin. Para criar essa chave, é escolhido aleatoriamente um número de 256 bits e verificado se ele é menor que n-1.  No algoritmo de hash SHA256 será produzido um número de 256 bits. Se o resultado for menor que n 1, temos uma chave privada adequada.

A chave Pública pode ser gerada a partir de uma chave privada usando a multiplicação da curva elíptica, que é irreversível: K=k*G onde k é a chave privada, G é um ponto constante chamado ponto gerador e K é a chave pública resultante. A operação inversa, conhecida como “encontrar o logaritmo discreto” – calculando k se você sabe K – é tão difícil quanto tentar todos os valores possíveis de k, isto é, quebrar por força bruta (ANTONOPOULOS, 2015).

2.5.8 Curva Elíptica

A criptografia de curva elíptica é um tipo de criptografia assimétrica ou de chave pública baseada no problema de logaritmo discreto expresso pela adição e multiplicação nos pontos de uma curva elíptica.

Fonte: Curva Elíptica (ANTONOPOULOS, 2015).

Bitcoin usa uma curva elíptica específica e conjunto de constante matemáticas, como definido em padrão chamado secp256k1, estabelecido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologias (NIST). A curva secp256k1 é definida pela seguinte função, a qual produz uma curva elíptica:

V2=(x3+7) over (p)

Ou

v2 mod p=(x3 + 7) mod p

O mod p (módulo número primo p) indica que esta curva é sobre um campo finito de ordem prima p, também escrito como Fp, onde p = 2^256 – 2^32 – 2^9 – 2^8 – 2^7 – 2^6 – 2^4 – 1, um número primo muito grande.

Essa curva é definida sobre um campo finito de ordem primitiva em vez de sobre os números reais, parece um padrão de pontos dispersos em duas dimensões, o que torna difícil visualizar. No entanto, a matemática é idêntica à de uma curva elíptica sobre os números reais. A curva elíptica do bitcoin a secp256k1 pode ser pensada como um padrão muito mais complexo de pontos em uma grande muito grande (ANTONOPOULOS, 2015).

Fonte: Curva Elíptica sobre um campo finito de ordem 17, padrão de pontos de grade (ANTONOPOULOS, 2015).

2.5.9 Endereço de Bitcoin

O endereço de bitcoin é derivado da chave pública através do uso de hash criptográfico unidirecional que produz uma impressão digital. Funções de hash criptográficas são usadas extensivamente em bitcoin: em endereços bitcoin, em endereços de script e no algoritmo de prova de trabalho de mineração”.

Os algoritmos usados para criar um endereço bitcoin a partir de uma chave pública são SecureHashAlgorithm (SHA) e o RACE IntegrityPrimitivesMessage de Avalização (RIPEMD), especificamente SHA256 e RIPEM160. Começando com a chave pública K, calculamos o hash SHA256 e depois calculamos o hash RIPEMD160 do resultado, produzindo um número de 160 bits (20 bytes):

A = RIPEMD160(SHA256(K)).

Os endereços de Bitcoin são quase sempre apresentados aos usuários em uma codificação chamada “Base58Check”, que usa 58 caracteres (um sistema de números Base58) e uma soma de verificação para ajudar a legibilidade humana, evitar ambiguidade e proteger contra erros na transcrição e entrada de endereços (ANTONOPOULOULOS, 2015).

Fonte: Conversão de uma chave pública em um endereço de bitcoin (ANTONOPOULOS, 2015).

2.6 Mineração

Mineração é o processo de usar a capacidade de processamento para resolver algoritmos matemáticos das transações, garantir a segurança da rede, e manter todos participantes do sistema sincronizados. Pode ser considerado como o datacenter do Bitcoin exceto que foi projetado para ser totalmente descentralizado, com mineradores em todos os países e nenhum, em particular, tendo controle sobre a rede.

Qualquer um pode se tornar um minerador de Bitcoin, executando software com hardware especializado. O Software de mineração monitora as transações transmitidas pela rede ponto a ponto e executa tarefas apropriadas para processar e confirmar essas transações. Os mineradores de Bitcoin realizam esse trabalho, com o objetivo de ganhar comissões de transação pagas pelos usuários para o processamento mais rápido das transações e bitcoins novos são emitidos de acordo com uma fórmula fixa existente internamente.

Para novas transações serem confirmadas, elas precisam ser incluídas em um bloco juntamente com uma prova matemática de trabalho. Tais provas são muito difíceis de serem geradas porque não há um jeito de se criá-las a não ser através da tentativa de realizar bilhões de cálculos por segundo. Isso requer que mineradores realizem tais cálculos antes que seus blocos sejam aceitos pela rede e antes de serem recompensados.

À medida que mais pessoas começam a minerar, a dificuldade de encontrar novos blocos válidos é automaticamente aumentada, para garantir que a média de tempo para encontrar um bloco permaneça igual a 10 minutos. Como resultado, a mineração é um negócio altamente competitivo onde nenhum indivíduo minerador pode controlar o que é incluído na blockchain.

Mineradores de Bitcoin não são capazes de enganar, aumentando a sua própria recompensa, nem processar transações fraudulentas que poderiam corromper a rede Bitcoin, porque todos os nós Bitcoin rejeitariam qualquer bloco que contenham dados inválidos de acordo com as regras do protocolo Bitcoin.

A mineração cria o equivalente a uma loteria competitiva que torna muito difícil para qualquer um adicionar consecutivamente novos blocos de transações na cadeia de blocos. Isso protege a neutralidade da rede, impedindo que qualquer indivíduo ganhe o poder de bloquear determinadas transações. Isso também impede que qualquer indivíduo substituía partes da cadeia de blocos para reverter seus próprios gastos, o que poderia ser usado para fraudar outros usuários. A mineração torna exponencialmente mais difícil de reverter uma transação passada, exigindo a alteração de todos os blocos seguintes a esta transação.

Nos primórdios do Bitcoin, qualquer pessoa poderia encontrar novos blocos usando a CPU do seu computador. No momento em que mais e mais pessoas começaram a minerar, a dificuldade em encontrar novos blocos cresceu gradativamente ao ponto de  hardwares especializados com custos mais elevados, obterem maiores vantagens na hora de minerar nos dias de hoje.

Exemplo de mineração:

Para minerar é necessário obter uma Bitcoin wallet (carteira), a utilizada nesse exemplo foi a coinbase.

Acesse o site https://www.coinbase.com e faça o registro.

            Faça o registro, preenchendo com os dados necessários.

Após feito o cadastro, a coinbase irá enviar um e-mail solicitando a confirmação da conta, após a confirmação a sua carteira de bitcoin estará criada. O próximo passo é fazer o download do minerador, no site http://micromining.cloud  clique em Join.

O micromining (um dos sites para baixar o minerador) irá pedir o endereço de sua carteira de bitcoin, depois de fazer login, acesse na guia accounts em BTC Wallet em receive, estará o endereço de sua carteira.

Copie  o endereço da sua carteira no site da coinbase, e cole no micromining.

Após fazer login, ele irá fazer o download do minerador.

Após o download, faça a instalação do minerador.

Após concluir a instalação, o minerador entrara em execução, se possuir placa de vídeo poderá selecionar a opção GPU, se não selecione a CPU.

Dependendo da situação o processamento da CPU poderá chegar a 100% de uso, podendo danificar o equipamento utilizado.

O processo de mineração reduz drasticamente a vida útil de seu hardware, seja ele CPU ou GPU, hoje em dia já existe hardwares preparados especificamente para fazer a mineração, os custos de manutenção são altos, gastos com energia elétrica, alto poder de processamento, conexão com internet etc.

2.7 Fork

O Bitcoin está perdendo mercado para outras moedas digitais, sua rede está sobrecarregada e por isso suas transações estão lentas. Em Maio de 2017, parte da comunidade de desenvolvedores se reuniram em New York para discutir e apresentar uma atualização de software do Bitcoin para melhorar o desempenho da rede que será ativada pelo Usuário, o chamado Segwit2x que será ativado pelo BIP148.  Duas mudanças estão sendo implementadas, o Blockchain não guardará mais a assinatura do remetente e aumentará o seu tamanho para 2MB.

Essa atualização pode ocasionar um Hard Fork, ou seja, uma bifurcação da rede, se a maioria dos mineradores decidir mudar para Bitcoin Unlimited e minererar blocos maiores do que um megabyte, enquanto alguns poucos usuários mantiverem o atual protocolo Bitcoin Core, a rede blockchain pode dividir-se em duas, então haverá o BTC que segue o atual protocolo e o BTU que segue o novo protocolo o Bitcoin Unlimited.

Fonte: Bitcoin Master BR

Por outro lado, pode ocasionar também um Soft Fork que é uma bifurcação momentânea onde a nova moeda será compatível com a antiga até atualizarem toda a rede para a nova versão, obrigando os mineradores a sinalizarem o BIP 148 para minerar os blocos, pois os mineradores que não aderirem não conseguirão explorar mais a rede, desperdiçando assim força computacional.

Fonte: Bitcoin Master BR

3- Conclusão

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise mais profunda sobre a importância das criptomoeda, do bitcoin, do blockchain, de como está estruturada a arquitetura do bitcoin e como essa moeda virtual pode ser utilizada na aquisição de produtos serviços e transações financeiras dos mais diversos no mundo virtual, de como a tecnologia blockchain funciona, e de que forma as transações são seguras.

O bitcoin reproduz o tramite de uma cédula em papel no ambiente da internet, isso significa que ele é ao portador, sem fronteiras de país e sem identificações pessoais, podendo ser feitas em qualquer valor sem contratos para qualquer pessoa que possua uma carteira, sendo mais rápidas e menos burocráticas do que transações interbancárias.

Um pouco mais de 16 milhões de bitcoins existem na rede atualmente e já é possível consultar as oscilações da moeda digital em terminais de operadores financeiros renomados. Hoje a moeda bitcoin já é transacionada por todo mundo, sendo aceita até como doações por ONG’s  como a greenpeace e a cruz vermelha.

             O blockchain é uma tecnologia para uma nova geração de aplicações transacionais que estabelece confiança, prestação de contas e transparência enquanto simplifica de forma eficiente os processos de negócio, um banco de dados distribuído, sendo praticamente invulnerável a falhas e adulterações, garantindo assim a autenticidade e segurança das transações de uma criptomoeda e do próprio bitcoin.

            Não há dúvidas que o Bitcoin possa vir a se tornar uma das maiores moedas mundiais, com sua arquitetura descentralizada garantindo a segurança do sistema e das transações, o bitcoin e o blockchain tem chamado a atenção de vários bancos, pessoas, empresas. Certamente a consolidação dos bitcoins não revogará as outras moedas em circulação ao longo da história, mas o bitcoin é uma invenção revolucionaria e disruptiva da ciência da computação.

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